Flora (derivado do Latin “floris”) é a Deusa romana da primavera e das flores. Seu nome é a origem das palavras “flor”, e também pode ser relacionado com as palavras “prosperar”, “florescendo”, “abundante” e “fresco” e “florescendo”. Ele também é comumente usado pra designar o reino das plantas. Ela é a responsável pela potência da natureza, aquela que faz florir as árvores e preside a “tudo que floresce”.
Flora era retratada pelos romanos vestindo roupas leves de primavera, segurando pequenos buquês de flores, às vezes coroados de flores. Conta-se que flores caíram de seus cabelos em cascata, como rosas espalhadas e em seu jardim viam-se veados e coelhos pois seu reino não eram as florestas, mas jardins e campos, nos quais nenhum animal selvagem pode entrar. O mel, feito de flores, é um de seus dons.
Invocava-se Flora para facilitar a concepção. Além de ser uma Deusa que auxilia na renovação da vida, no florescimento de novas ideias e plantas. Sua capacidade de trazer renovação e oferecer às pessoas uma nova chance de fazer algo era um desejo que todos gostariam de ver ganhar vida. À ela eram oferecidas orações pela prosperidade dos frutos maduros do campo e das árvores. Ela também era considerada uma Deusa da flor da juventude e de seus prazeres.
Flora seria a versão romana da Deusa Grega Clóris (cujo nome significa “amarelo ou verde pálido”, a cor da primavera) e por isso seus mitos são os mesmos, mudando apenas o nome dos Deuses envolvidos para seus correspondentes na mitologia em questão.
Apesar de ser considerada uma deusa menor dentro da mitologia romana, Flora é uma das Deusas mais antigas e vista com muito respeito pelo povo romano pois dela dependiam muitos outros Deuses. Era através dela que as vinhas davam uvas fazendo Baco jorrar. Era ela quem garantia o florescer das oliveiras, fazendo Roma prosperar.
Celebrar Flora, para os Romanos, representava celebrar a vida em geral e toda a beleza nela. As ofertas para a Deusa eram simbólicas, mas também eram uma chance de celebrar o trabalho duro e a dedicação que as pessoas empenham para fazer tudo isso acontecer.
Mitologia
Flora é uma ninfa das Ilhas Afortunadas. Esposa de Zéfiro, o vento-oeste, e acompanhante da Deusa Ceres, a Senhora das plantações.
Como muitos Deuses, os mitos de Flora possuem diversas versões mas uma das mais conhecidas, é a do poema Fastos, de Ovídio, que conta que num dia de Primavera em que Flora andava pelos campos, o deus do vento, Zéfiro, a viu e se apaixonou por ela e tentou raptá-la. Ela fugiu mas ele foi mais forte e a estuprou e, depois, casou-se com ela onde acabaram, por fim, tendo um casamento feliz.
Zéfiro concedeu a Flora, um jardim frutífero cercado pelo vento e alimentado por fontes límpidas. Ele encheu o lugar com encheu-o de flores de boa cepa e em tantas cores que sua abundância desafiava a medida. Sempre que a geada orvalhada vinha, as Horae (Também conhecidas como as Estações do Ano) se reuniam e colhiam as flores transformando-as em raios de luz.
Ovídio também conta que Juno, após ver o nascimento espontâneo de Minerva da cabeça de Júpiter, ficou ressentida por ver seu consorte gerar nova vida sem sua ajuda. Juno reclamou para Oceano e Flora ouviu seu lamento, lhe oferecendo doces palavras. Inconsolável, Juno ameaçou secar os oceanos e expulsar todos os demônios do Tártaro, Flora não sabia o que fazer por medo se sofrer com a ira de Júpiter mas, por fim, com Juno prometendo-lhe o anonimato, decidiu ajudar a Deusa, lhe oferecendo uma flor que, ao tocá-la, imediatamente Juno incha e gera Marte e, para homenagear a parte de Flora no nascimento do Deus, Marte lhe concedeu um lugar na cidade de Roma. Foi também por essa razão que coube à Marte o 1º mês da primavera.
Culto de Flora
Flora é Deusa dos cereais maduros e das flores em botão. Ela é uma deusa dos sabinos ou oscanos. Os sabinos (sabini, em latim) constituíam uma tribo da região central da península Itálica. Como eles eram um povo que sofria influência dos gregos e romanos, todo o seu panteão foi influenciado mais tarde pelos seus deuses.
Apesar de ser uma das Deusas menores, acredita-se que seu culto era um dos mais antigos, e que o rei Tito Tácio construiu um templo em sua homenagem. É dito também que Numa Pompílio escreveu louvores (também conhecidos como flamen) para a Deusa.
Seu templo em Roma ficava perto do Circus Maximus, e seu festival, a Florália, era celebrado de 28 de abril até os primeiros dias de maio, como uma data de alegria e amor carnal, com peças teatrais e shows. Homens se adornavam com flores, especialmente rosas, e soltavam-se lebres e bodes no meio das pessoas para atrair a fertilidade. No último dia do festival, eram realizados jogos chamados “Ludi Florales”. Era uma tradição do festival de matar pequenos animais, o que mostra a ligação entre Flora e sua irmã Fauna.
Posteriormente, seus rituais se perderam e, com o Cristianismo, alguns escritores tentaram transformar a visão dos Deuses romanos dando-lhes más conotações. Com Flora, eles relatavam que, na verdade, ela era Acca Laurentia, uma cortesã, que acumulou grandes riquezas e propriedades, deixando tudo ao povo romano, que em troca a homenagearam com o festival anual da Florália. A ideia por trás dessas histórias era diminuir os Deuses do povo, transformando-os em coisas ruins e dando-lhes a conotação de “deuses falsos”.
Ressurgimento da Deusa Flora
No período renascentista (entre os sésculos 14 e 16 EC.) presenciou-se um ressurgimento das imagens dessa Deusa, quando muitos pintores e artistas encontraram inspiração em Flora como a deusa das flores e da primavera, temas muito comuns em quadros e esculturas.
Primavera, pintura por Botticelli em 1477–82
Canção para Flora
Pois ela trará os brotos na Primavera
E a risada entre as flores.
No calor do verão seus beijos são doces;
Ela canta nos caramanchões verdes.
Ela corta a cana e colhe o grão
Quando os Frutos do Outono a cercam
Seus ossos envelhecem no frio do Inverno;
Ela se envolve em seu manto
(The Lady’s Bransle – por Glenn Turner and Hope Athearn)
Um “bransle” é uma dança comum no período Renascentista, porém a musica, na época, era apenas tocada. Essas palavras foram escritas na década de 1970 para uma melodia renascentista tradicional, “Nonesuch”. Mais sobre a história das letras em inglês aqui. Ouça a música aqui.)
Epítetos:
- Flora Rustica – que poderia ser traduzido como “Flora a camponesa”
- Flora Mater, ou “Flora, a Mãe”, em relação às suas origens antigas
Parentesco
- Filha do Titã Oceano, Deus das águas correntes
- Esposa de Zéfiro, Deus do vento do Oeste
- Irmã de Fauna, a Deusa dos animais
Deusas com atributos semelhantes
- Mitologia Grega: Cloris
- Mitologia Romana: Pomona, Deusa dos frutos e Ceres a deusa da Colheira
Guia rápido de Correspondências:
Invoque Flora para: Amor, sexo, nascimento, concepção, plantações, jardins, flores, renovação.
Animais: Coelhos, lebres, mariposas e abelhas
Aromas e ervas: Jasmim, Rosa Vermelha, Dama da noite e incensos florais no geral
Bebida e comidas: Mel
Cores: verde, mas ela pode ser associada a várias cores por causa das flores
Dia: 28 de abril a 3 de maio
Elemento: terra
Estação do ano: Primavera
Face da Deusa: Mãe
Fase da Lua: crescente
Planeta: Terra
Signo: Touro, Virgem e Capricórnio
Símbolos: Flores, mel e sementes
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